ATILA’S PRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS
(matéria publicada no site: http://photos.uol.com.br/)
Luz e sombra – uma não
existe sem a outra
(Por:
Ricky Arruda - http://photos.uol.com.br/materias/ver/88713)
Ricky Arruda comenta a importância destes
dois componentes da fotografia
Fotos: Ricky Arruda
Muito
se fala sobre a luz. Todos nós sabemos a importância que uma boa – e bonita –
luz tem em uma fotografia. Há quem diga
que a luz é tudo em uma foto. Sem extremismos, pode-se dizer que a luz é quase
tudo, porque a ela precisam se somar o momento, a situação, a estética, o
interesse entre outras coisas. Mas vejo pouca gente comentando sobre a sombra –
ou as sombras. E elas são tão – ou mais
– importantes do que a luz. Na verdade,
uma não existe sem a outra.
Em
uma música, os silêncios, as pausas, são tão ou mais importantes que os
acordes. Ditam ritmos, dão respiros. Na fotografia a sombra, seja suave ou
dura, tem também importância essencial. Por mais delicada e suave que seja a
luz, bem difusa e equilibrada, em algum lugar e de alguma forma teremos que
lidar com algum tipo de sombra, que precisa, nesse caso, estar também suave,
quase inexistente, e equilibrada. Se ao contrario, tivermos uma luz dura, bem
definida e forte, ainda mais importantes serão as sombras, pois elas terão
relevância.
E
tem mais: para enxergarmos a luz, muitas vezes é mais fácil olharmos as
sombras. Outro dia eu conversava com um pequeno grupo de fotógrafos em inicio de
carreira e falei sobre as sombras – e sobre a importância delas. Foi aí que
alguém me interrompeu dizendo: “Que boa dica Ricky, fica realmente mais fácil
olharmos as sombras para enxergarmos a luz”. Então vamos olhar para as luzes e
sombras, para fazê-las adequadas ao que pretendemos.
Inicialmente,
vamos lembrar que qualquer dispositivo que produza luz pode ser utilizado para
bem iluminar uma fotografia. Logo em seguida é importante saber o tamanho de
cada dispositivo, que produzirá luz em determinada quantidade de espaço, e
também se ela se apresenta focada ou dispersa. Em seguida, temos que ver a
intensidade dessa luz e sua potência. Com esses dois pontos vistos, temos que atentar
para a ‘razão de contraste’, que basicamente significa a forma que distribuímos
as luzes e suas potências. E finalmente, a temperatura dessa luz, que influi
significativamente na cor da imagem final.
Uma
das primeiras atenções que precisamos ter é sobre a luz suave ou a luz dura.
Cada uma tem suas dificuldades, suas virtudes e qualidades, suas limitações e
sua utilidade. Outra anotação relevante, de algo que muitas pessoas acabam não
se dando conta ou o valor necessário: iluminar é muito diferente de clarear.
Iluminar é destacar relevos, formas, luzes e sombras, de forma correta e
adequada a valorizar o que se fotografa. Portanto, gente que acha que clareando
tudo – às vezes até no computador, em pós-produção – definitivamente está
invertendo o processo, porque a fotografia deve ser resolvida no clique, na
hora de sua realização, e não depois disso.
A
luz suave, bastante difusa e generalizada, não apresenta sombras marcadas ou,
até mesmo não apresenta sombras quaisquer. É preciso saber o que queremos, qual
nosso objetivo e o efeito que pretendemos. Mas o fato é que com uma luz suave e
sem sombras, não corremos o risco de termos uma fotografia muito ruim. A luz
suave, ao contrário da dura, causa sensações de delicadeza, de tranquilidade. A
luz suave, se for mal aplicada, trará um resultado final sem graça, sem muita
essência. Já uma luz suave bem feita, requer que se use a luz de forma correta,
seja através do uso de modificadores, tais como rebatedores e difusores, seja
através da correta percepção dela, em sua forma natural. Um exemplo simples é
um dia nublado, quando as nuvens servem como um grande “haze” natural.
Para
criarmos uma bonita luz suave, não basta afastar o modelo da fonte de luz,
porque a intensidade se esvairá. Para isso, devemos usar os rebatedores e
difusores, sendo que os primeiros, como o próprio nome diz, rebatem a luz vinda
de determinada fonte, até chegarem ao objeto fotografado, e os segundos filtram
essa luz, entre o emissor e o objeto.
Já
aquela que chamamos de luz dura, tem sombras bem marcadas, definidas. A luz é
contrastada, significativamente alta em algumas partes e baixa em outras.
Incide de forma direta sobre o objeto fotografado. É importantíssimo sabermos lidar com essa luz
dura. Vamos notar que a sombra sempre
apresenta muito impacto e impressões fortes –
lembrando que ela é bem visível, nos erros e acertos. A luz dura marca
silhuetas, coloca efeitos ‘dramáticos’ na imagem, desvia ou foca atenções. Além
disso, a luz dura ressalta os defeitos e imperfeições. Como exemplo fácil,
temos um dia de sol forte e céu claro e aberto.
Nenhuma
luz é melhor que a outra. Também não há uma luz certa para tudo. O que
precisamos é aplicar corretamente cada uma delas, para os casos adequados, e
levando em conta o resultado final que pretendemos. Pois bem. Tratei no meu
post anterior, dos momentos e formas em que podemos fazer fotos posadas de
casamento. E agora, para completar aquele tema, quero ressaltar algumas formas
que utilizamos, eu e a Anna Quast, minha esposa, para iluminarmos aquelas
imagens.
Para
a cobertura de casamento não levamos flashes de estúdio, com seus vários
modificadores de luz, mas apenas quatro flashes speedlight (no nosso caso os
600RT, da Canon), que podemos disparar fora da câmera, via rádio. Levamos
também alguns difusores e rebatedores, que se encaixam a esses flashes. Além
disso, utilizamos também dois dispositivos portáteis de luz contínua, com
regulagem de intensidade e também com possíveis difusores. Buscamos, na
elaboração da imagem, locais que nos propiciem a correta iluminação, mesmo com
algumas dificuldades. Paredes e tetos podem ser usados para rebater a luz.
Cortinas e detalhes servem para filtrar a luz. Elementos de arquitetura ou de
decoração podem nos fornecer sombras. Com esses pequenos recursos, realizamos
as fotos posadas, algumas delas marcando luzes e sombras, duras, e outras
rebatendo e difundindo luzes, para fazê-las mais suaves.
Além
de tudo que já tratamos acima, é importante lembrarmos da direção da luz. Uma
luz muito frontal, de regra, tende a ‘chapar’ o objeto, sem valorizar suas
formas e silhuetas. De regra uma luz ‘correta’ e que funciona é a utilização de
uma fonte principal a 45 graus, com uma secundária na lateral oposta (pode ser
um rebatedor) posicionada próxima do eixo da câmera. Na fotografia temos que
tomar cuidado com a fotometria, especialmente para que o olho do lado sombrio não
fique totalmente na sombra.
Vamos
beber aqui um pouco na Pintura, em um dos grandes mestres do retrato pintado.
Rembrandt, pintor holandês, lá pelos anos mil e seiscentos, utilizava a técnica
do ‘chiaroscuro’, ou seja, do claro e escuro, coisa que antes Caravaggio já
fazia (Da Vinci também utilizava). Essa técnica de luz consiste no forte
posicionamento da luz e da sombra, sendo que esta fazia parte da composição e
também da ‘alma’ da imagem, pintada.
Usamos
também uma técnica de projetar sombras nos fundos, destacando os noivos. São
fotos que chamam atenção e não apresentam grandes dificuldades. Temos apenas
que cuidar para ver os recortes destas sombras. Mas às vezes é muito bonito
fotografarmos em contraluz, valorizando silhuetas, formas e contornos. São
fotografias sempre interessantes e que, especialmente num casamento, uma vez
que os vestidos e véus possuem transparências, rendas, texturas e detalhes que
valorizam bastante a silhueta e a contraluz.
Como
escrevi lá no início, não existe luz sem sombra. E muitas vezes, a sombra
compõe, recorta, dá forma, completa ou insinua. Vale fotografar a sombra
também. Com ela contamos histórias. Fotografando com meu celular, no meu
dia-a-dia, sempre me deparo com luzes e suas sombras. E, muitas vezes, nesse
gostoso exercício diário de fotografar sem compromisso, podemos dar margens a
experimentações, ideias, treinar o olhar e as possibilidades.
Por
hoje é isso. O objetivo não era esgotar o tão amplo – e importante – tema da
iluminação nem descer a detalhes de técnicas e possibilidades, mas
essencialmente deixar o recado de que uma foto bem iluminada é essencial – e
que isso é possível fazer de forma simples e eficaz.
Para
ilustrar esta coluna algumas fotos de noivas e outras que destacam a importância
das sombras na confecção de uma bonita imagem. Há fotos capturadas com câmeras
e outras com telefone celular, publicadas no Instagram (@rickyarruda).
Ricky Arruda - http://photos.uol.com.br/tags/ver/ricky-arruda
ATILA’S PRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS
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