ATILA PRODUÇÕES
FOTOGRÁFICAS
Por Julio
Preuss :
Você
já ouviu falar de light painting? Esta
técnica fotográfica, literalmente traduzida como "pintura de luz”, existe
há pelo menos 60 anos: lá nos idos de 1949, o célebre fotógrafo Gjon Mili
capturou uma série de emblemáticas pinturas de luz do não menos famoso Pablo
Picasso, atualmente expostas numa galeria virtual da Life.
Assim
como várias outras técnicas, o light
painting vem se popularizando na última década graças às câmeras digitais –
vide o sucesso de grupos como o Light
Painting – The Real Deal, no Flickr, e de coletâneas como esta da Tripwire. Afinal, agora é muito mais
fácil conferir se o experimento está dando certo e corrigir detalhes, sem
precisar esperar a revelação do filme.
Existem
dois tipos de pintura de luz: aquelas em que a iluminação é apontada direto
para a câmera, criando rastros luminosos como tubos de neon, e outras mais
sutis, em que a fonte de luz é usada para iluminar seletivamente uma imagem. Em
outras palavras, no primeiro tipo a própria luz se torna o assunto da foto,
enquanto no segundo, ela só revela ou destaca detalhes do assunto.
A
maioria das fotos das galerias mencionadas acima são do primeiro tipo, talvez
porque seja a técnica mais fácil de executar e com os resultados mais chamativos.
Nesta, tanto se pode mover as fontes de luz diante da câmera, como neste
exemplo em que o americano Kevin Dooley ficou andando com sua máquina ao redor
de uma árvore de Natal:
Uma
experiência bem mais radical é o chamado câmera toss, em que o fotógrafo arremessa a câmera para o alto e deixa o acaso e a
gravidade decidirem a imagem que será capturada.
Como
isso geralmente é feito no escuro, para registrar trilhas de luz, não deixa de
ser um exemplo de light painting em que a câmera que se move. Só que se você
não tomar cuidado, pode se tornar um passatempo meio caro.
Por
mais que essas imagens abstratas sejam divertidas, no entanto, os melhores
exemplos light painting são como as obras de Mili e Picasso: desenhos luminosos
relativamente concretos. E você não precisa nem saber desenhar a mão livre (e
as cegas) – basta traçar o contorno de algum objeto para obter efeitos
interessantíssimos como a “guitarra
elétrica” do inglês Sean Rogers:
A
guitarra, na verdade, pode até ser considerada um hibrido dos dois tipos de
light painting que citei no início da coluna, já que a mesma luz que deixou o
rastro ao seu redor serviu para realçar detalhes do instrumento em um ambiente
originalmente escuro. Se a fonte de luz não tivesse sido apontada para a lente,
não haveria rastro e o resultado seria semelhante à imagem desses suculentos tomates capturados pelo italiano Marco Fillinesi:
Confesso
que gosto mais desses exemplos mais sutis (e raros) de pintura de luz, em que o
desafio está mais em obter uma iluminação agradável como a dos retratos
tradicionais – vide os exemplos da “garota
tímida” capturada pela alemã Geraldine Feltekatze – do que em criar efeitos
especiais.
Mas
claro que isso é só minha opinião pessoal e não significa que eu não aprecie
também os light paintings mais
ousados, como os que um grupo de estudantes
criou usando um monte de aspiradores de pó robôs Roomba. Aliás, agora estou
pensando em amarrar uns leds no rabo da nossa cadela para ver no que dá.
Experimente
o light painting
Para
criar suas próprias pinturas de luz, você vai precisar de uma câmera capaz de
registrar exposições longas e de uma ou mais fontes de luz como pequenas
lanternas, aqueles chaveiros com leds ou até velas. Além, é claro, de um
ambiente suficientemente escuro e, na maioria dos casos, de um tripé ou outro
tipo de apoio para manter a câmera parada enquanto você vai “pincelando” a cena
com a sua lanterna ou coisa parecida.
A
velocidade a ser usada vai depender muito das condições do ambiente e da
intensidade das fontes de luz, então experimente começar em torno de um ou dois
segundos e ir aumentando até ficar satisfeito com o resultado. Para a câmera
não captar luz demais, tome cuidade de configurar a sensibilidade (ISO) para um
valor baixo e, se possível, escolher uma abertura intermediária.
Outro
detalhe importante é o foco: se a câmera contar com foco manual, o ideal é
ajustá-lo antecipadamente, para evitar que o autofoco “mire” no lugar errado
ou, nas fotos abstratas, que uma câmera desfocada acabe captando mais luz do
que o desejado. Por fim, se a câmera for ficar parada, use aquele recurso de
disparo automático, após uma contagem regressiva, para ter certeza de que o
apertar do disparador não vai fazê-la tremer.
Julio Preuss
escreveu o primeiro
livro brasileiro sobre Fotografia Digital e já colaborou com mais de 20
publicações, entre jornais, revistas e sites. Atualmente é colunista do Fórum
PCs e da revista Sexy e faz mestrado em informação na Universidade de Toronto.
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