sexta-feira, 10 de junho de 2011

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FOTOGRAFIA - INICIAÇÃO:

ATILA’S PRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS
Artigo de Antônio Lacerda publicado no site:
http://ualg-fotografia.blogspot.com/2007/10/princpios-bsicos-da-fotografia.html
Princípios Básicos da Fotografia
Introdução

Quase todas as máquinas fotográficas possuem modos de utilização totalmente automáticos, contudo, é fundamental que qualquer fotógrafo perceba o seu modo manual, como forma de correção de alguns aspectos de linguagem e valores específicos. Mesmo as máquinas mais sofisticadas podem cometer erros em certas condições de iluminação e, só dominando alguns aspectos técnicos como o tempo de exposição do filme à luz e a sua quantidade, se pode determinar o aspecto final de cada fotografia.

Ao determinarmos variáveis de exposição, estamos a efetuar escolhas conscientes que alteram completamente o aspecto final da fotografia. Por exemplo, se fotografamos uma paisagem sob um céu limpo com um tom médio de azul e queremos que o céu fique exatamente com essa cor. Se o filme for menos exposto do que o necessário (subexposição), o céu vai ficar mais escuro do que vimos na realidade; se o filme receber mais luz do que a necessária (sobrexposição), o céu vai ficar mais claro.

Abertura e tempo de exposição

Para se tirar uma fotografia é preciso definir a quantidade de luz que se deixa passar para o filme e o tempo durante o qual essa luz passa. Estas são as duas variáveis que determinam a exposição e designam-se de abertura do diafragma e tempo de exposição. A abertura refere-se à quantidade de luz que passa num dado instante para o filme, o tempo de exposição expressa o tempo durante o qual o filme recebe essa quantidade de luz. Podemos obter a mesma exposição com diferentes combinações de abertura e tempo de exposição: se se aumentar a abertura pode-se expor durante menos tempo e vice-versa.


















António Lacerda - Viagens4 (2007)





















António Lacerda - Viagens5 (2007)




















António Lacerda - Viagens6 (2007)

Quer a abertura quer o tempo de exposição são expressas em escalas logarítmicas, nas quais cada ponto da escala deixa passar metade da luz do que o seguinte. O tempo de exposição é expresso em segundos e fracções de segundo que correspondem ao tempo durante o qual o obturador abre para deixar passar a luz para o filme. A maior parte das máquinas fotográficas permite utilizar os seguintes tempos de exposição: 1 segundo, 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/30, 1/60, 1/125, 1/250, 1/500 e 1/1000 de segundo. Estes tempos de exposição são usualmente apresentadas de forma abreviada, mostrando apenas o denominador da fracção (1, 2, 4, 8, 16, 30, 60, 125, 250, 500 e 1000).
A abertura é expressa pela relação entre a distância focal da objetiva e o diâmetro da abertura do diafragma que deixa entrar a luz. Assim, uma objetiva de 50 mm que deixe passar a luz por uma abertura de 25 mm de diâmetro tem um abertura igual à distância focal (f) a dividir por 2, ou seja f /2. Frequentemente, representa-se a abertura apenas pelo denominador desta fracção, apresentando-se neste caso o número 2 para se referir esta abertura.
Compreende-se assim facilmente que, quanto menor for o número da abertura, mais luz passa através da objetiva. É comum encontrar escalas de abertura com os seguintes valores: 2, 2.8, 4, 5.6, 8, 11, 16 e 22. Também nesta escala cada valor deixa passar metade da luz do que o precedente, pelo que se pode fazer uma tabela de conjugações de abertura e tempo de exposição para se obter exatamente a mesma exposição:
Tempo de exposição
1/2 1/4 1/8 1/16 1/30 1/60 1/1251/2501/500 1/1000

Abertura
32 22 16 11 8 5.6 4 2.8 2 1.4

Profundidade de campo
Mas não é indiferente escolher qualquer uma destas combinações. Por um lado, é preciso escolher cuidadosamente o tempo de exposição, de forma a “congelar” o movimento daquilo que se está a fotografar ou, pelo contrário, deixar que esse movimento se seja visível. Por outro, a abertura que se escolher determina a profundidade de campo, a distância à frente e atrás do plano de focagem em que os
Objetos ficam razoavelmente focados.

A profundidade de campo é inversamente proporcional em relação à abertura. Quanto maior for a abertura, menor será a profundidade de campo e vice-versa.
Por exemplo, com uma abertura de 1.4 a profundidade de campo é muito menor do que
Aquela que se obtém com uma abertura de 11.

A escolha da profundidade é uma das opções mais importantes quando se define a abertura e o tempo durante o qual que se expõe um fotograma. Por exemplo, quando se fotografa uma pessoa podemos querer isolá-la do fundo, usando a menor profundidade de campo possível. Pelo contrário, ao fotografar uma paisagem grandiosa podemos querer que tudo o que vemos fique focado, desde os objetos mais próximos até ao infinito, para o que devemos usar a maior profundidade de campo possível.



















Pequena profundidade de campo (grande abertura do diafragma) - f 2.8 - 1/640s


















Profundidade de campo média (abertura média do diafragma) - f 5.6 - 1/125s



















Grande profundidade de campo (pequena abertura do diafragma) - f 11 - 1/30s

Quanto menor for a abertura, mais tempo se terá que expor a película e maior será o risco de tremer a fotografia. Para que isso não aconteça, podemos usar um bom tripé ou seguir a regra simples segundo a qual é possível obter fotografias nítidas segurando a máquina com as mãos desde que se use um tempo de exposição igual ou inferior ao inverso da distância focal da objetiva (em milímetros). Assim, poderemos segurar à mão tranquilamente uma máquina com uma objetiva de 50 mm desde que o tempo de exposição seja no máximo de 1/60 de segundo.

Sensibilidade do filme
Para além das variáveis de exposição que se controlam para cada fotografia (a abertura e o tempo de exposição) também temos que considerar a sensibilidade do filme que está na máquina. A emulsão de um filme fotográfico pode ser mais ou menos sensível à luz, necessitando por isso de uma maior ou menor exposição.

A sensibilidade das películas é expressa numa escala ISO (anteriormente designada ASA). Também esta escala é logarítmica, pelo que um filme com uma sensibilidade de 400 ISO precisa de metade da luz do que um rolo de 200 ISO para produzir a mesma exposição. Usando filmes mais sensíveis (mais “rápidos”) podemos usar menores a aberturas para obter maiores profundidades de campo.

Contudo, quanto maior for a sensibilidade de um filme menor será a sua definição e mais grão terá a fotografia. A menor definição e o grão serão tanto mais visíveis quanto mais se ampliar a imagem.
A gama de filmes disponíveis em quase todas as lojas de fotografia abarca as seguintes sensibilidades: 25, 50, 100, 200, 400 e 800 ISO. Também se encontram filmes com valores intermédios de sensibilidade, por exemplo, 160 ISO (2/3 de ponto mais rápido do que um filme de 100 ISO).

Mas a sensibilidade de cada filme é apenas um indicador da exposição para a qual um filme foi concebido. Pode-se escolher na máquina outro índice de exposição que não a sensibilidade indicada para o filme. Se as condições de iluminação o exigir, e não tivermos um filme mais rápido conosco, podemos “puxar” qualquer rolo em até 2 pontos, ou seja, por exemplo, podemos fotografar com um rolo de 200 ISO como se ele fosse de 400 ou 800 ISO (regulando manualmente o índice de exposição da máquina). Também esta facilidade tem o seu preço e obteremos fotografias com mais grão e maior contraste. Mas atenção, para que um rolo “puxado” seja corretamente revelado temos que informar o laboratório do índice que utilizámos para expô-lo.


Utilizar o fotómetro
Para podermos escolher o tempo de exposição e a abertura com que vamos tirar uma fotografia temos que poder medir a luz existente. É para isso que todas as máquinas que hoje se vendem estão equipadas com um fotómetro mais ou menos sofisticado, com base no qual sugerem (ou escolhem, em modo automático) uma determinada exposição.

Os fotómetros medem a luz que é refletida pelos objetos que estão dentro do enquadramento, dando frequentemente uma ponderação de 60% ou 75% da leitura ao círculo central do visor. Como uma superfície branca reflete mais luz do que uma área escura, temos que tomar isso em consideração quando tomarmos decisões baseadas na leitura da luz refletida. Por exemplo, se fotografarmos uma paisagem coberta de neve branca não podemos utilizar simplesmente a exposição sugerida, porque obteríamos uma neve cinzenta na fotografia. Temos que compensar essa leitura aumentando um ponto a abertura ou o tempo de exposição. Da mesma forma, se quisermos que uma fotografia tirada depois do pôr do Sol capte a atmosfera escura que se vê temos diminuir em cerca de um ponto a exposição sugerida.
Uma forma simples de obter uma exposição correta é fazer a leitura de exposição apontando para algo que se queira que fique registado como tom médio e que esteja a receber a mesma luz do que o assunto que vamos fotografar. Por exemplo, para fotografar uma paisagem com iluminação uniforme podemos fazer a leitura de exposição apontando para as erva verde do chão, um exemplo clássico de tom médio, após o que podemos enquadrar e fotografar. Como a palma da nossa mão é cerca de um ponto mais clara do que o cinzento de 18%, quando não houver um tom médio que se possa utilizar podemos colocar a nossa mão à frente da objetiva (desde que receba a mesma luz do que o assunto a fotografar) bastando depois aumentar em um ponto a exposição sugerida, aumentando a abertura ou o tempo de exposição.
Há uma situação em que se pode dispensar o fotómetro. Quando fotografamos algo que esteja a receber a luz direta do Sol num dia sem nuvens, um tempo de exposição igual ao inverso da sensibilidade da película para uma abertura de f/16 resulta numa exposição que capta as tonalidades tal como se veem. Por exemplo, utilizando um filme com uma sensibilidade de 100 ISO podemos utilizar uma exposição de 1/125 (o ponto mais próximo de 1/100 na escala de tempos de exposição) para uma abertura de f/16 ou qualquer exposição equivalente: 1/250 para f/11, 1/500 para f/8 ou 1/60 para f/22.

Máquinas fotográficas e formatos
Câmaras analógicas e digitais
A máquina fotográfica não é mais do que uma “caixa” hermeticamente fechada onde se encontra colocada a película ou no caso das máquinas digitais o sensor (CCD). É a película que recebe a imagem através da objectiva. No mercado existe uma gama enorme de aparelhos fotográficos, desde máquinas simples de bolso, até aos modelos mais sofisticados.

Relativamente às câmaras analógicas um aspecto menos positivo nos dias de hoje, em que pretendemos obter resultados imediatos pela falta de tempo disponível, é a falta de imediatismo (as imagens só estão disponíveis após o rolo do filme ter sido usado e revelado), por outro lado conseguimos obter um óptimo controlo nas execuções das imagens finais, seguir todos os passos na formação da imagem (revelação e ampliação) e os seus processos químicos, assim como obter excelentes resoluções a partir de um simples filme de 35 mm

Por outro lado, a câmera digital, revolucionou o processo de captura de imagens, contribuindo para a popularização e divulgação da imagem fotográfica.
Ao contrario de utilizar uma película fotossensível (filme) para o registro das imagens, que requer, posteriormente à aquisição das imagens, um processo de revelação e ampliação das cópias, a câmera digital registra as imagens através de um sensor que entre outros tipos podem ser do tipo CMOS ou do tipo CCD, armazenando as imagens em cartões de memória.

Uma câmera pode suportar um só ou vários tipos de memória, sendo os mais comuns: CompactFlash tipos I e II, SmartMedia, Memory stick, SD (o mais comum) e MMC.
Estas imagens podem ser visualizadas imediatamente no monitor da própria câmera, podendo ser apagadas caso o resultado não tenha sido satisfatório. Posteriormente podem ser transferidas através de e-mail, álbum virtual, revelação digital impressa ou simplesmente apresentadas em ecrãs de televisão ou computador.
Uma das características mais exploradas pelos fabricantes de câmeras digitais é a resolução do sensor da câmera, medida em megapixels.
Em teoria, quanto maior a quantidade de megapixels, melhor a qualidade da fotografia gerada, pois o seu tamanho será maior e permitirá mais zoom e ampliações sem perda de qualidade. Entretanto, a qualidade da fotografia digital não depende apenas da resolução dos megapixels, mas de todo o conjunto que forma a câmera digital. Os fatores que mais influenciam a qualidade das fotos/vídeos são a qualidade das lentes da objetiva, o algoritmo (software interno da câmera que processa os dados capturados) e os recursos que o fotógrafo pode usar para um melhor resultado. No entanto, dependendo do uso que será dado à fotografia, um número excessivo de megapixels não trará benefício adicional à qualidade da imagem.
Normalmente as câmeras voltadas ao uso profissional são dotadas de maior quantidade de megapixels, o que lhes permite fazer grandes ampliações. Já para o usuário amador, máquinas com resolução entre três e cinco megapixels geram excelentes resultados.

Formatos de Câmaras
As máquinas compactas automáticas - são extremamente simples, de visor direto, utilizam película de 35 mm, em geral altamente automatizadas, com focagem automática, etc., muitas possuem já uma pequena objetiva e flash, mas as objetivas são fixas permanentes.




Exemplo de máquina compacta automática













As máquinas reflex – Podem ser totalmente manuais, semiautomáticas, automáticas, com programas pré-estabelecidos, etc. Permitem um nível de controlo do processo fotográfico semelhante ás máquinas de visor. Como nas máquinas de visor, quase todas as reflex têm lentes intermutáveis. Têm apenas um sistema óptico. A imagem que vai impressionar o filme é refletida por um espelho para o prisma que apresenta a imagem no visor exatamente como vai ser fotografado depois do espelho ser levantado quando se pressiona o botão de disparo. São as máquinas mais usadas em todo o mundo desde os amadores principiantes que pretendem mais que recordar momentos até aos grandes profissionais da fotografia.
As máquinas reflex são largamente preferíveis em relação às compactas, porque nos permitem além de ver no visor exatamente aquilo que se vai fotografar, regular os parâmetros de exposição e por outro lado podem usar vários tipos de objetivas. Não queremos dizer que uma máquina compacta não seja muito útil para tirar fotografias específicas. Algumas dessas máquinas têm excelentes objetivas com boas aberturas máximas.







Exemplo de máquina reflex













As máquinas de médio formato – O formato 6x6 é o mais difundido dos médios formatos. Atualmente este formato é utilizado no campo profissional devido ao grande nível de qualidade atingido. Alguns exemplos de câmaras de médio formato são as Rolleiflex, as Hasselblad e a Bronica. Tecnicamente existem duas vantagens no formato quadrado. A primeira tem a ver com a imagem circular que é definida pelas objetivas, inscrevendo-se nesta imagem um quadrado conseguindo um emprego óptimo da óptica. A imagem dada por um negativo quadrado é melhor, sobretudo nos bordos. Por outro lado não temos a necessidade de virar a máquina, de forma a obtermos uma imagem vertical ou horizontal e, dessa forma dedicarmo-nos muito mais aos aspectos técnicos.







Exemplo de máquina de médio formato









As máquinas de grande formato – Este tipo de máquinas são as mais simples do ponto de vista da construção, ainda que o seu emprego seja especificamente dos fotógrafos profissionais. Este tipo de máquina está munido de sistemas que, permitindo efetuar movimentos sobre o seu eixo, permitem corrigir linhas de fuga e aumentar a zona de nitidez. O tipo de película utilizado é o de grande formato e o mais comum é o 9x12. Este tipo de câmaras permite modificar a perspectiva e é a sua grande vantagem sobre os outros tipos de máquinas fotográficas, para além de possuir um vidro despolido de grande superfície sobre o qual se forma a imagem, permitindo-nos estar mais próximos visualmente do assunto a fotografar.







Exemplo de máquina de grande formato











Existem, no entanto recursos que devemos exigir à nossa máquina: fotómetro, possibilidade de escolha manual da abertura e do tempo de exposição, compensação da exposição automática, previsão da profundidade de campo e uma boa gama de tempos de exposição, pelo menos entre os 4 segundos e 1/1000 de segundo. Para além destas características, é também útil dispor de medição através das lentes (TTL) para o flash, de medição de luz pontual (spot) e da possibilidade de trocar os écrans de focagem. A focagem automática tornou-se muito comum, mas quem não quiser tirar fotografias de ação ou de animais em movimento pode dispensar esse recurso.


 
Objetivas

A propriedade mais importante de uma objetiva á a sua distância focal. Esta está relacionada com o seu "ângulo de visão". As objetivas estão agrupadas em três grandes grupos:
Grande angular, normal e teleobjetiva conforme as suas distâncias focais.

As objetivas de 50 mm (câmaras 35 mm ou seu equivalente) são consideradas normais, têm uma visão semelhante ao olho humano em termos de escala e proporção.


As objetivas grande angular, com uma distância focal reduzida, cobrem um amplo campo visual (17 a 35 mm, para câmaras 35 mm ou seu equivalente).


As teleobjetivas com a sua elevada distância focal permitem cobrir um campo visual muito mais limitado (70 a 300 mm, para câmaras 35 mm ou seu equivalente), são muito utilizadas para fotografia de desporto e vida animal.


As objetivas macro permitem uma maior aproximação do tema a fotografar, muito utilizadas para fotografia de produtos e de pequenos animais, flores ou texturas.

As objetivas podem ser também classificadas de focal fixa ou zoom. A primeira tem uma única distância focal enquanto que a zoom tem uma gama de distâncias focais mais alargadas, tipicamente 28 a 70 mm, 70 a 200 mm, 28 a 200.
As lentes de focal fixa oferecem uma maior qualidade mas a compra de uma vasta gama de objetivas torna-se bastante dispendioso e de difícil portabilidade. As objetivas zoom, regra geral oferecem uma boa relação qualidade/preço/portabilidade.
Tripés

Para obtermos uma grande profundidade de campo ou fotografarmos com pouca luz temos que expor o filme durante mais tempo. Se quisermos segurar a máquina manualmente seremos obrigados a utilizar um filme muito rápido, com menor nitidez e muito “grão”. Com um bom tripé podemos expor durante vários segundos, se necessário e usar o melhor filme, com mais definição e menos “grão”. É verdade que andar com um tripé atrás não é propriamente um ideal de comodidade, mas os resultados compensam, pois para além de permitir exposições mais longas, um tripé “obriga-nos” a compor a imagem com mais cuidado e dá-nos a possibilidade de ajustar pequenos detalhes minuciosamente.

Nem todos os tripés são, obviamente, iguais. Pouco se pode esperar de um frágil tripé de plástico, barato, mas incapaz de garantir uma sustentação solida à máquina e pouco prático de manusear. Um tripé sólido de alumínio (ou fibra de carbono) é um excelente investimento na qualidade das fotografias.

Filmes

Quem queira fotografar a cores pode escolher entre dois tipos de filme: negativos e diapositivos (slides). Os negativos têm uma maior amplitude tonal e permitem obter provas impressas rapidamente e de forma económica. Os diapositivos têm, contudo, uma enorme vantagem: apresentam exatamente o que o fotógrafo captou, sem intermediários, compensações de cor ou erros de impressão. Olhando para um slide podemos ver se a exposição foi a pretendida, se focagem foi adequada e se as cores têm uma boa saturação, examinando um negativo pouco se consegue concluir. Os filmes diapositivos lentos (50 ISO) oferecem ainda uma definição extraordinária, o que os torna na escolha de muitos fotógrafos.


Quanto menor for a sensibilidade de um filme, maior será a definição que oferece, pelo que convirá utilizar o rolo mais lento utilizável em cada situação. Mas tudo é relativo e, por vezes, pode-se utilizar um filme com grão para alterar o aspecto da imagem, dando textura, por exemplo, à neve. Em diapositivos, o Fuji Velvia (de 50 ISO) parece liderar as escolhas profissionais, seguido pelo Fuji Provia 100F e pela gama Kodachrome. Em negativos, os Kodak Portra 160VC e NC disputam com o Fuji Reala o máximo de definição, mas há vários filmes até aos 400 ISO com uma definição razoável e cores realistas.

Os filmes para preto-e-branco clássico continuam disponíveis na maior parte das lojas de fotografia, sendo de recomendar as linhas Delta da Ilford, T-Max da Kodak e APX da AGFA (o AGFA APX 25 ISO é especialmente interessante, pois tem uma definição extraordinária e muito pouco grão).

Alguns exemplos de filmes e resultados finais de impressão:

ASA 25 (Kodak Technical Pan 25)
Filme de muito alta definição (e baixa sensibilidade) que permite grandes ampliações.
Tem um contraste bastante acima do normal.

ASA 100 (Kodak T-Max 100)
Filme de alta definição, indicado para lugares com bastante luz.
Mesmo com a ampliação à direita a definição é quase indestingivel do anterior, mas o contraste é claramente mais reduzido.

ASA 200 (Kodak T-Max 400 reduzido 1 stop)
Como se pode verificar este filme ficou com o contraste muito diminuído por ter sido reduzido um stop - repare que os pretos puros deixaram de existir.

ASA 400 (Kodak T-Max 400)
Filme de sensibilidade e definição média (mesmo assim ainda é difícil ver a diferença para os anteriores em termos de definição, embora no papel já seja clara a diferença numa ampliação 18x12cm). O seu contraste normal é um pouco acima do T-Max 100.


ASA 1000 (Kodak T-Max 3200)
Filme de grande sensibilidade, indicado para fotografar com muito pouca luz.
Embora este filme seja designado pelo fabricante como sendo de ASA 3200, a ASA real deste filme é esta (1000). Repare como já é claramente verificável, na ampliação ao lado que o grão é bem maior do que nos anteriores.


ASA 4000 (Kodak T-Max 3200 puxado 2 stops)
Aqui está um exemplo de um filme puxado 2 stops, como pode ver o grão e o contraste aumentaram muito, mas os resultados ainda são aceitáveis para pequenas ampliações. Segundo o fabricante este filme pode ser puxado até ASA 12000!

FiltrosUtilizam-se filtros para alterar a imagem que é captada, tornando-a artificial ou, pelo contrário, mais fiel ao que o fotógrafo viu com os seus próprios olhos. É fácil cair em imagens artificias de gosto duvidoso com os chamados filtros de “efeitos especiais”, pelo que vale mais a pena que nos centremos nos filtros que alteram a imagem sem a adulterar.

Provavelmente o filtro mais utilizado é o polarizador, um filtro circular que se roda para eliminar uma determinada polaridade de luz. Consegue-se assim atenuar (ou mesmo eliminar) reflexos em superfícies não metálicas e acentuar o azul do céu. O polarizador é também muito útil para fotografar paisagens naturais, pois ao eliminar os reflexos luminosos das folhas das plantas faz com que a sua cor se veja com mais intensidade. Encontram-se à venda polarizadores lineares e circulares, mas em máquinas com focagem automática só se devem usar estes últimos.
Na fotografia a preto-e-branco um dos filtros mais útil é o vermelho. Em paisagens atenua a neblina e escurece o céu, salientando o recorte das nuvens; no retrato de pessoas disfarça pequenas imperfeições da pele, favorecendo os “modelos”.
Outros filtros interessantes são os graduados de densidade neutra. Permitem, por exemplo, fotografar um céu brilhante sem perder os detalhes do chão, escurecendo o céu, reduzindo dessa forma a amplitude tonal da cena aos limites do filme.

Fontes: Lanford, Michael (1989). Fotografia Básica. Lisboa: Dinalivro;
Rêgo, Jorge (2001). A luz que desenha as imagens. Porto: Edições ASA
Amar, Pierre-Jean (2001). História da fotografia. Lisboa: Edições 70
Rui Grilo- Fotografia: Pequeno manual prático

ATILA’S PRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS
 
 
 
 

terça-feira, 10 de maio de 2011

Os segredos da fotografia de desfiles de moda

ATILA’S PRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS




DORIVAL ZUCATTO

Artigo tirado da revista Fotografe Melhor, da Editora Europa Ltda. – Edição Extra.
O especialista Dorival Zucatto revela os macetes para clicar desde concursos de modelos até o Fashion Week
 Por LIVIA CAPELI
Dos desfiles das grifes em shoppings centers aos concursos de modelos e misses em pequenas cidades, passando pelos megaeventos em São Paulo e no Rio de Janeiro, ao estilo das grandes semanas prêt-à-porter de Paris, Milão e Nova York... Nunca o mundo fashion ganhou tanto destaque no Brasil como atualmente. O que faz que as oportunidades aumentem aina mais para os fotógrafos que querem pegar carona na passarela da moda.
Entretanto, não basta apenas investir no melhor equipamento fotográfico para se tornar um especialista em fotografia de desfiles. É preciso ir além: ter uma credencial para cobrir o evento, possuir domínio total da técnica e reservar um bom lugar no pit, aquela pequena arquibancada de frente para a passarela com cinco níveis reservada para os fotógrafos e cinegrafistas.
Com diversas coberturas de desfiles no portfólio, entre eles o Fashion Rio e São Paulo Fashion Week e, o fotógrafo Dorival Zucatto (ou Dodô, como também é chamado pelos colegas de profissão) conta como é o caminho das pedras para quem quer se especializar em clicar o assunto.

Confira as dicas.
Primeiro passo
                O fotógrafo focado em desfiles de moda tem um vasto campo para explorar. É o que afirma Zucatto: “Há oportunidades desde eventos pequenos até entre os mais concorridos”, diz. Ele sugere aos iniciantes que comecem a fotografando concursos de beleza que ocorrem na maioria das cidades brasileiras, como também desfiles de moda promovidos por clubes no interior, shoppings e centros comerciais como o Brás e o Bom Retiro em São Paulo (SP).
                “Os trabalhos menores não devem ser desprezados nem pelos que já estão atuando na área, muito menos pelos iniciantes, porque sem eles não há como se ganhar experiência e montar um bom portfólio para alcançar os grandes eventos”, recomenda ele, que iniciou a carreira fotografando concursos de misses em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.
                O caminho para chegar a esses eventos menores é mais fácil. Segundo Zucatto, basta entrarem contato com a organização do desfile e pedir autorização para fotografar: “Raramente recusarão. Se for preciso, explique que as imagens serão usadas em portfólio e ofereça como cortesia algumas fotos, o que pode render um bom contrato comercial”.
                Outra dica é tentar fazer amizade com fotógrafos contratados para cobrir o evento. Existe certa camaradagem entre os profissionais da área e há muitas dicas que podem ser colhidas. Em troca, ofereça fotos de ângulos diferentes daqueles que o colega não pode captar.
Salto alto
                Para quem pretendem enfrentar maratona dos grandes desfiles de moda, as dificuldades podem ser bem maiores, já que é preciso fazer um pedido de credenciamento de imprensa com antecedência para cobrir o evento e ter acesso ao espaço reservado aos profissionais.
                As credenciais são emitidas por assessorias de imprensa, e dependendo do evento, a prioridade é dada aos fotógrafos de jornais de renome, contratados pelos estilistas, sites ligados a moda e grande portais de notícias.
                Entretanto, Zucatto afirma que mesmo os fotógrafos que não trabalham para nenhum veículo têm chances de concorrer ao passaporte: basta credenciar-se por um jornal ou revista de bairro ou até a um blog de moda.
                No caso do São Paulo Fashion Week, por exemplo, as credenciais são distribuídas por dia, ou seja, fotografar o dia de hoje não garante o acesso aos demais dias de desfile. O cadastro para a semana da moda na capital paulista deve ser feito por meio do site prcom.com.br/spfw. Já o credenciamento para o Fashion Rio é feito pelo approach.com.br.
                Outro evento importante de moda é a Casa de Criadores, que acontece em São Paulo (SP) e tem como objetivo revelar novos talentos da moda. Para tentar credenciar, basta acessar o site da assessoria: namidia-com.com.br.
Lugar ao sol
                Depois de vencer a corrida pela credencial de imprensa, o fotógrafo de desfile precisa disputar com cinegrafistas e outros fotógrafos um bom lugar no pit, ou no espaço reservado pelo evento aos profissionais. O momento da acomodação é um dos mais estressantes e quem chega com antecedência fica com as melhores posições na arquibancada montada de frente para a passarela.
                “As imagens mais vendáveis de um desfile de moda são aquelas nas quais se consegue captar a modelo bem de frente”, diz Zucatto explicando que o segredo está em se posicionar ao lado do cinegrafista oficial do evento, que fica bem no centro do pit. Entretanto, ele recomenda aos iniciantes que façam uma experiência se posicionando em vários pontos da arquibancada para captar ângulos diferentes.
                Outra dica do especialista é acompanhar os ensaios que antecedem os desfiles, pois, como a sala abre uma hora antes para os fotógrafos se acomodarem, é bom aproveitar para verificar a coreografia e a iluminação do evento. È esse momento que o fotógrfao poderá definir o white balance (balanço de branco) que será utilizado, aumentar ou diminuir a sensibilidade do ISSO (para um desfile o ideal é entre 400 e 800), como também cavar um espaço para passagem das objetivas, já que durante o desfile os profissionais conseguem apenas fazer movimentos restritos, como apertar o botão de disparo da câmera. Por isso, deixar para fazer as devidas regulagens no equipamento fotográfico na hora do acontecimento é algo inviável – não são raros bate-bocas e pequenos desentendimentos no pit por conta das condições de trabalho a que ficam submetidos os fotógrafos até o início do desfile.
Mundo fashion
                Em um desfile existem dois momentos importantes que o fotógrafo deve ficar atento para captar: a “passada” da modelo e a parada na ponta da passarela.
                Segundo Zucatto, o primeiro é o mais complicado, pois é quando a modelo está em movimento. Por isso, se faz necessário ajustar a câmera para velocidades de sincronismo acima de 1/250s, evitando assim imagens tremidas.
                “Atualmente, os desfiles têm muita atitude e belas coreografias – os modelos desfilam com passadas rápidas e são bem dinâmicos.. Isso exige que se conheça bem a câmera, sabendo qual tempo de retardo entre a captura de uma foto e outra”, explica, ressaltando: “A passada da modelo é um dos momentos mais bonitos do desfile e deve ser captado, de preferência, quando a modelo, ao caminhar, está com os dois pés no chão”, ensina.
                As fotos realizadas com a modelo parada na ponta da passarela são bem mais fáceis, porém, exigem agilidade para captar o momento que dura entre 2 e 3 segundos.
No estilo
            Outra dica é com relação ao enquadramento usado para captar cada tipo de roupa: vestidos pedem fotos do corpo inteiro, já moda praia exige cortes acima do joelho. Não deixe de fazer fotos que destaquem acessórios, como brincos, bolsas, sapatos e chapéus.
                Ele sugere ainda o registro de bastidores, como estandes e backstage – local de acesso fácil (basta apresentar a credencial principal para entrar) e tão importante quanto o desfile, pois as novas tendências relacionadas ao mercado de beleza nascem ali: “No backstage é possível permanecer por 15 minutos e clicar top models durante o make-up. Entretanto, por ética, abaixe a câmera ao perceber modelo trocando de roupa”.
                Zucatto explica que retratar todos esses temas rende boas oportunidades, pois o material pode ser comercializado com fabricantes de acessórios e veículos interessados em comportamento, moda, beleza e maquiagem.
                Para quem encara megaeventos de moda, contar com mais fotógrafos na equipe é vital, pois ao final de cada desfile é preciso correr até a sala de imprensa e descarregar as fotos, fazer ajustes e enviar para sites e agências de notícias. “Esse trabalho pode ser feito por um assistente, enquanto se garante lugar no pit para o próximo desfile (no Fashion Week, por exemplo, em média são oito por dia). Outros fotógrafos podem ajudar a captar fotos de coro inteiro, que mostrem o público, closes, detalhes...”, diz.
O básico da moda
            Para Zucatto, o kit fundamental para cobrir desfiles é composto por uma câmera digital SLR, como alguns modelos oferecidos  pela Nikon, Canon e Sony, entre outras, além de lentes zoom luminosas, como a Nikkor 80-200 mm f/2.0 e a Canon 70-200 mm f/2.8 – dando preferência para as objetivas com função autofoco contínuo.
                Inclua também uma mei-tele luminosa, como uma 18-70 mm ou 24-70 mm, para as fotos no backstage. Uma quantidade razoável de cartões de memórias de média capacidade (exemplo: 4 GB) e rápido armazenamento 9como 133x) não deve ficar fora. “Capture as fotos em formato JPG de alta qualidade. O RAW, nesse caso, só é necessário caso você seja contratado para trabalho específico”, aconselha.
                Já o uso de flash é dispensado, pois além do tempo de reciclagem do acessório que não irá acompanhar o ritmo do evento, eliminará todo clima da iluminação do desfile. Um monopé que possa ser regulado até a altura dos olhos (para evitar que se fique curvado durante o trabalho) não deve ser esquecido.
                Zucatto faz a última ressalva: “Conversar com os produtores do evento e acompanhar os ensaios de cada desfile passam credibilidade para o cliente. Além disso, estude sobre o assunto, procure saber sobre o universo fashion. Isso tornará você um expert no tema”.

Com 13 anos de experiência, o fotógrafo Dorival Zucatto, 42 anos, se especializou em moda. Após cursar as faculdades de Psicologia e Assistência Social, abriu mão dos dois diplomas para investir na sua grande paixão: a fotografia. Foi como assistente do fotógrafo italiano Danilo Russo que ele deu os primeiros passos rumo à fotografia da moda. Ao poucos, conquistou espaço nos grandes eventos do mundo fashion, se tornando um expert em clicar desfile de moda.
                Suas dicas sobre o assunto também já estiveram nas páginas da edição 101 de Fotografe Melhor, na qual a reportagem “Como fotografar um desfile de moda” ensinava alguns truques e falava dos bastidores da cobertura do São Paulo Fashion Week.
                Atualmente, ele mantém um estúdio localizado no Ipiranga, em São Paulo. Suas fotos já foram publicadas nas revistas Caras, Fluir, Playboy e Corpo e Plática, entre outras.
ATILA’S PRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS

domingo, 24 de abril de 2011

Como se tornar um fotógrafo profissional

ATILA’S PRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS
Caminhos para se tornar um fotógrafo profissional
Confira dicas para entrar no mercado dadas por quem contrata ou ensina e por quem já chegou lá.
O que o mercado exige e o que você tem que fazer para chegar lá.
Por NATÁLIA MANCZYK
Artigo tirado da revista Fotografe Edição de 14º Aniversário
Ano 14 – Nº 168 – Setembro 2010
 Quando decidiu ser fotógrafo profissional, Wellington Nemeth trabalhava em uma empresa aérea. Fez um acordo com a companhia e o dinheiro da indenização ele investiu na primeira câmera. Já Dorival Zucatto, formado em Psicologia e Serviço Social, conseguiu a primeira câmera profissional propondo a compra de Zenit do amigo que havia sofrido um acidente de moto e precisava de dinheiro para consertá-la. Os dois são hoje reconhecidos, respectivamente, na fotografia social de moda. Mas até abrirem as portas que levam ao mercado profissional tiveram que, além de investir em equipamentos, fazer assistência para fotógrafos renomados, ter bons contatos e batalhar para o desenvolvimento técnico.
  
                Desde o momento em que se descobre o gosto pela fotografia até passar a exercê-la de modo profissional há muitas portas para serem abertas e um grande caminho a ser percorrido, que pode incluir desde a frequência em cursos livres e a ajuda de um bom profissional até o aprendizado individual por meio de muito treino. Entretanto, após desenvolver-se na área, é necessário ainda enfrentar mais um obstáculo: a entrada no mercado. Para isso não há receita pronta, mas uma série de ingredientes como dedicação persistência, conhecimento, talento, sorte, paciência, senso de oportunidade, ética, entre outros. O segredo é misturar pelo menos três desses ingredientes para criar a sua própria fórmula de sucesso.
Para começar, fotografe.
                Em todas as áreas da fotografia, quem contrata exige sempre que seja apresentado um bom portfólio, mas engana-se quem pensa que é necessário estar no mercado para produzi-lo. Aqueles que planejam se tornar profissionais devem estar sempre fotografando. “Não adianta achar que é fotógrafo sem fotos para mostrar. E, para isso, tem que fotografar”, indica Thales Trigo, diretor da Fullframe Escola de Fotografia e ex-coordenador do Bacharelado em Fotografia do Senac-SP.
                O fotojornalista Gustavo Roth, editor-adjunto de fotografia da Folha de S. Paulo, diz o mesmo. Para ele, o candidato não pode deixar de fazer fotojornalismo só porque não está no mercado. Felipe O’Neill, que, aos 23 anos, é fotojornalista do jornal O Dia, sugere: “Quem está começando não pode dizer ‘ninguém está me pautando, então não tenho feito nada’. É muito importante se pautar. Tudo pode ser fotografado e até se tornar pauta”.
                No entanto, não é só no fotojornalismo que é possível fotografar sem fazer parte do mercado. Na fotografia de moda, entrar em contato com agências de modelo e com maquiadores para fazer uma produção por conta própria, frequentar desfiles e fazer contatos com estudantes de moda, que geralmente precisam de fotógrafos para suas produções, são algumas das opções. Também não é um empecilho a falta de um estúdio: as produções podem ser externas e vale se basear no trabalho de um fotógrafo que você admire, apoiando-se na luz e no posicionamento usado por ele, mas tentando ao máximo colocar oersonalidade no trabalho.
                Já na publicidade, que exige um conhecimento mais técnico, os profissionais indicam começar em outra área. “Além de técnica, exige bom equipamento e habilidade. É melhor iniciar pela fotografia editorial”, sugere o fotógrafo Cristiano Burmester, diretor do Abrafoto – Associação Brasileira dos Fotógrafos de Publicidade.
                Formado em Rádio e TV, Gabriel Wickbold, 25 anos, aprendeu fotografia de modo autodidata. Hoje tem um trabalho autoral que lhe deu projeção no meio artístico, da moda e da publicidade. “O mercado de publicidade é o mais perfeccionista. Se o fotógrafo tem dúvidas quanto à técnica e ao tratamento, melhor esperar. Na fotografia de publicidade, ele tem de saber também que será um executor. Se quiser criar, a moda dá mais liberdade”, afirma. O fato de ter montado um estúdio deu visibilidade ao trabalho de Gabriel. “Pude ter meu espaço e o meu equipamento para pirar. Mas montei sem saber nada. Pesquisei como montava e fui em frente”, conta.
Assistência na moda.
                Na fotografia de moda e publicidade, uma boa porta de entrada ainda é ser assistente de bons fotógrafos. “O iniciante acaba tendo contato com os problemas que ocorrem na produção da foto. E mesmo sendo o fotógrafo quem os resolve, dá para aprender”, explica Dorival Zucatto, que foi assistente do fotógrafo de moda Danilo Russo. Alex Villegas, atualmente professor do Instituto Internacional de Fotografia, escola de Danilo Russo, também foi assistente desse mesmo fotógrafo.
                “Para estudar fotografia a fundo como queira, eu era obrigado a trabalhar com isso”, justifica ele. Villegas sempre se interessou por fotografia, as até exercê-la profissionalmente teve um caminho diferente: “Comecei por outra ponta na fotografia, o tratamento da imagem”, diz. Ele iniciou a carreira como designer e trabalhou em uma multinacional de produção gráfica. Depois de entrar em uma lista de discussão sobre fotografia, conheceu o fotógrafo Marcos Kim, especializado em tratamento de imagem, e, com advento da era digital, os dois sentiram necessidade de criar uma empresa de gerenciamento de cor.
                “Eu estava me arriscando na fotografia comercial e sentia falta de um conhecimento técnico e artístico. Decidi trabalhar com Danilo Russo”, conta Villegas. Depois de um ano e meio, ele sentiu que havia alcançado o nível que desejava e trilhou um caminho individual. Segundo ele, ainda hoje recebe dicas de Danilo. “Ele olha meu portfólio e dá conselhos. O fotógrafo para qual o iniciante dá assistência pode se tornar uma espécie de mentor. É uma pessoa para confiar para toda a vida. Outra vantagem de ser assistente é que o iniciante pode se focar, se aprofundando na vertente do fotógrafo, o que não acontece com um curso livre. Além disso, quem foi assistente consegue encarar o cliente com mais naturalidade do que quem ainda não teve contato com o mercado”, cita.
                Danilo Russo, o mentor de Zucatto e Villegas, ensina: “Nas cidades onde há pouca chance de ser assistente de alguém mais experiente, um bom começo é fazer books de parentes, amigas ou conhecidas. É um treino para dirigir modelos e estudar poses. Ler artigos e ver fotos em revistas especializadas, ter referências, ir a exposições, estudar os mestres da fotografia... Tudo isso é importante para quem quer se tornar um profissional, em qualquer área da fotografia”.
                Wellington Nemeth, há seis anos assistente do fotógrafo Mauro Holanda, também desenvolveu no período tanto a técnica quanto o atendimento. “Como nunca fiz um curso de fotografia, absorvi muito como assistente. Aprendi sobre usar a lente certa na hora certa, filtros, temperatura da cor, técnica do olhar, composição, luz, produção e pós-atendimento na prática, sem contar a infinidade de livros que há no estúdio e que pude ver para ter referências”, diz.
                Mas para quem ainda quer entrar no mercado, como conhecer grandes fotógrafos para ter chance de trabalhar com eles? Frequentar o meio para conseguir uma rede de contatos e mostrar dedicação são algumas das maneiras. “Network é metade do caminho. Mas não adianta ter network e não ter o que apresentar”, indica Villegas. Na hora de buscar um fotógrafo para prestar assistência, ele dá uma dica: o iniciante deve procurar alguém com quem se identifique, pois trabalho é pesado. “O assistente está lá para aprender por osmose. Não tem espaço para ego”, compara.
Para se manter.
                Apesar do grande aprendizado como assistente, o iniciante deve se programar para o baixo salário do serviço. Villegas preferiu ser assistente do que fazer um curso em Londres que havia planejado e, assim, usou o dinheiro guardado para se manter durante o período de grana curta.
                Nemeth fazia trabalhos paralelos como freelancer e Zucatto tinha um trabalho fixo como funcionário público, atuando como assistente à noite e nos finais de semana, o que ele indica: “Na moda, aparece muito trabalho nesse período. Eu tenho hoje um assistente que fica comigo à noite e nos fins de semana. Os lojistas não querem deixar de cuidar de seus negócios de moda durante a semana”. Para os iniciantes, uma dica é começar fotografando essas lojas mais simples, como sugere o fotógrafo de moda Mauri Granado: “Você tem mais chance de ser contratado e pode ir treinando e fazendo editoriais cada vez mais elaborados para marcas maiores”.
                Para Zucatto, é por haver uma afinidade de níveis de lojas que, apesar do surgimento de diversos novos fotógrafos com a tecnologia digital, há espaço para todos nesse mercado. “Tem trabalho para todo mundo porque há vários níveis de clientes e, assim, de fotografia. O mercado não está saturado”, acredita.
Vale a técnica.
                O mercado sofreu muitas mudanças com o desenvolvimento da tecnologia digital. Na publicidade, apesar da importância de se começar como assistente, a função tem diminuído. “Como a fotografia ficou mais acessível, as pessoas têm queimado etapas e deixado de procurar ser assistentes”, diz Cristiano Burmester. Segundo ele, a era digital mudou também a forma de produzir: “Gasta-se menos com produção porque existe a ajuda do digital e a fragmentação das mídias, em que uma imagem agora pode ser pensada para internet”.
                No mercado atual, ele observa que a concorrência é grande, principalmente em São Paulo, pois os clientes querem pagar menos, o que dificulta a procura por um trabalho diferenciado e aumenta a concorrência. Para quem imagina que o fotógrafo de publicidade é o que tem maior retorno financeiro, Burmester comenta: “O fotógrafo de publicidade ganha proporcionalmente ao custo da produção. Quanto maior a produção, maior será o retorno”. Ele indica para os iniciantes que, além de apresentarem o trabalho no Flickr, em blogs ou sites, tenham contratos e sejam mais polivalentes, isto é, entendam também de itens comerciais como as burocracias para aprovação do trabalho e prazo de pagamento.
                “Também é preciso ter muita técnica, entender bem de estúdio e ter muita paciência e jogo de cintura”, sugere a fotógrafa Paola Vianna, da agência Lew’Lara. Esse perfil é bastante necessário para o fotógrafo de publicidade, pois ele tem menos liberdade para criar e deve cumprir exatamente o que foi determinado pelo cliente. “Não é fácil fotografar com alguém dirigindo sua luz o tempo todo. Se o cara encana que quer o suor da garrafa com a gota um pouco mens redonda, você tem que cumprir”, exemplifica.
                Paola é formada em Publicidade e aprendeu fotografia sozinha, no estúdio da redação das revistas Época e Quem, onde trabalhou por dois anos e meio na seção de fotografia, pautando os fotógrafos e editando. “Dentro da redação, comecei a fazer assistência e a fotografar coisas pequenas, produto. Eu não tinha noção. Ia mexendo ou perguntando”, lembra ela, que apesar de formada em Publicidade, não se identificava com o curso e sempre procurou outra área para trabalhar. “Fazia essas produções pequenas, mas queria começar a fotografar mais. Um diretor de arte da revista me apresentou para o renomado André Schiliró. Como a assistência não era remunerada, trabalhava na revista de manhã e com ele à tarde”, conta. Depois de três meses com Schiliró, uma amiga que trabalhava na Lew’Lara a indicou para a vaga. “Ela me disse que o Luiz Moretti, que trabalhava na agência, estava trovando a equipe e precisava de assistente. Hoje ele tem estúdio próprio, mas eu continuei na Lew’Lara. Fazer assistência é a melhor escola”, diz.
                Paola é fotógrafa no estúdio da própria agência, o que é comum em grandes da área. “A vantagem é que conseguimos apresentar para o cliente um projeto mais concreto e viabilizá-lo com custo mais baixo. A empresa consegue produzir com custo até 50% menor, sem precisar gastar com aluguel do equipamento, do estúdio e o custo do fotógrafo”. Com estúdios na agência, ela desenvolve trabalhos não mais rafiados, mais sim “layoutados” – segundo o jargão publicitário – com a foto muito próxima do que será o produto final.
                Segundo Paola, no mercado atual o cliente cobra que o projeto seja apresentado dessa maneira. Assim, é importante que o fotógrafo de publicidade tenha a capacidade de visualizar o produto final em partes. “Nós fotografamos o fundo e os produtos separados. Ele tem que conseguir enxergar a imagem recortada”, explica.
Formação universitária.
                As exigências para a entrada no mercado também mudaram quando se trata de fotojornalismo. Se antigamente era mais comum haver fotógrafos que começaram como auxiliar no laboratório, motorista ou mesmo servente do jornal, hoje os editores exigem que o fotojornalista tenha curso superior. “A fotografia atualmente cobre assuntos mais frios, tem mais retratos e precisa de mais análise. O fotógrafo precisa ter conhecimento e referência, saber buscar informação e ver publicações estrangeiras. Se ele tem curso superior, é acostumado a isso”, explica Gustavo Roth, da Folha de S. Paulo. “A preferência é por formação em Jornalismo para que o fotógrafo tenha conceito de ética, de como funciona o jornal e de que tem sempre que ouvir o outro lado da reportagem”, complementa.
                O editor de fotografia do jornal gaúcho Zero Hora, Ricardo Chaves, resume: “Quem quer entrar no fotojornalismo deve ter no mínimo formação universitária. Desses com curso superior, é melhor quem for esperto. Desses, com curso superior e esperto, é melhor que tenham conhecimento multimídia e, desses, é melhor ainda quem fale outros idiomas. Mas não basta ter tudo isso se o fotógrafo não souber se comportar nas relações humanas. Trabalho jornalístico é trabalho de equipe”.
                Aos 59 anos, Kadão, como é apelidado, acompanhou as muitas mudanças na profissão. Ele diz que atualmente está sendo exigido ainda que o fotógrafo esteja na internet e que se manifeste também por meio do vídeo e, para isso, domine softwares de edição e entenda de cinema. Ele observa também que hoje os fotógrafos estão menos oportunidade para fazer uma pauta na rua devido ao alto custo e à facilidade de se conseguir fotos de amadores que tenham registrado o fato. “Antigamente, bastava estar na redação para sair e voltar com histórias interessantes”, ensina.
                Outra mudança é observada por Roth: “O fotógrafo era muito preocupado com a foto da capa. Hoje, ele tem que pensar que a foto pode ser publicada na capa do caderno, pode ser uma foto interna ou ter um corte diferente se entrar um anúncio. Ele deve trazer várias opções de corte e de cena. Tem que lembrar que é um ensaísta e deve buscar o entorno do fato e personagens”.
                O jovem Felipe O’Neill também enxerga essa tendência. “O mercado está cada vez mais sufocado pela quantidade de gente. Temos que explorar e criar cada vez mais. É importante identificar quem são as pessoas importantes na mídia, saber os cargos de cada um, sugerir pauta e trazer alguma história interessante que tenha visto na rua”. Quando pretendia entrar no fotojornalismo, ele costumava fazer pautas por conta própria, pedir a opinião de professores e fotógrafos sobre suas fotos e ver livros de fotografia. “No carnaval, em vez de me divertir, ia fotografar para treinar. Como não tinha credencial para entrar na Sapucaí, fotografei os blocos de rua do Rio de Janeiro e, como não podia entrar no Maracanã, fotografei os jogos de série B. Quando conseguia entrar nos eventos, ficava observando a postura dos fotógrafos e como usavam as lentes”, ensina.
                É o que está fazendo Bruno Pini, que, formado em Jornalismo desde 2009, está tentando entrar no fotojornalismo. Nascido em Cuiabá (MT), ele se interessou por fotografar na faculdade e, ao se formar, se mudou para São Paulo em busca de mais mercado na fotografia e de uma pós-graduação relacionada a jornalismo. “Trabalho com marketing, faço assessoria de imprensa de fotografia como freelancer. Mas quero mesmo ser fotojornalista”. Para treinar, ele tem fotografado por conta própria shows, cenas da cidade, esporte e uma greve de professores da rede estadual que acabou em confronto com a polícia. Para se aprimorar na técnica, ele fez curso de fotografia na escola FullFrame. “O curso foi fundamental. Ser autodidata é tentativa e erro, mas com a formação na escola a gente aprende a pensar muito antes de fotografar. Estou planejando fazer cursos complementares, como de flash externo e estúdio, conta.
Cursos livres.
                Os cursos livres têm sido bastante procurados por quem quer se profissionalizar em fotografia. A partir de junho de 2010, a escola paulista Focus passou a oferecer certificação profissional em fotografia e, desde então, 80% dos alunos que procuraram a Focus têm o  interesse em se profissionalizar. Enio Leite, diretor da escola, conta que grande parte dos interessados tem formação superior, inclusive em Fotografia. “O curso serve como uma complementação. É como quem faz Direito e quer ser juiz. Precisa fazer um curso mais específico e prestar concurso público. Mesmo com quatro anos de faculdade, ele não estudou aquilo com tanta profundidade”, compara.
                Para que os alunos tenham um maior apoio para entrar no mercado, a escola oferece um fórum, onde ex-alunos e empresas podem anunciar a procura de profissionais. “Vários dos nossos alunos já conseguiram emprego em fotografia dessa forma”. O professor também indica um ramo onde há mercado: os órgãos públicos. “Prefeituras, polícias civis, secretarias do meio ambiente e procuradorias públicas têm precisado de fotógrafos”, diz. Para quem pretende continuar trabalhando com fotografia analógica, a área é uma opção. “Os órgãos públicos usam muito a fotografia analógica, pois precisam confirmar a autenticidades das provas”, explica. A escola oferece simulados para as provas de concurso público que, segundo o professor, têm metade das questões sobre fotografia analógica e a outra metade, dobre fotografia digital.
                A maior procura pela profissionalização foi observada também na FullFrame, outra escola que oferece curso profissionalizante, dirigida por Thales Trigo, que durante 15 anos foi coordenador dos cursos de Fotografia do Senac-SP e por um ano, da Panamericana Escola de Arte e Design. Thales alerta para foto de que os interessados na profissionalização já têm uma graduação. Para ele, isso se deve ao fato de que hoje as pessoas têm mais coragem de mudar de profissão. Acredita que os bacharelados são muito úteis para formação do fotógrafo, porém, faz um adendo: “Para isso, as faculdades precisam ter organização e um currículo apropriado”.
                O fotógrafo social Sérgio Azevedo, morador em Cuiabá, brigou com o pai para fazer um curso de fotografia. “Meu pai falava ‘vai fazer o curso pra quê? Fotografar é fácil. É só pegar a câmera e tirar foto’. Mas achei que devia seguir  o que gostava. O curso é muito útil se o aluno levar a sério mesmo e persistir. Muita gente desiste”, conta ele, que fez uma parte via internet e outra presencial, em idas e vindas entre São Paulo e sua cidade. Atualmente, Sérgio trabalha com fotos de casamento, de crianças e para rede de hotel. Em 2010, teve duas fotos selecionadas para publicação no site da revista National Geographic. “Comecei a carreira no boca a boca, fotografando gente conhecida e visitando lojas de noiva para arrumar clientes”, lembra.
                “Antes de mais nada, deve-se ter postura e boa apresentação. O fotógrafo também deve ter uma boa conversa, ser educado e saber sua condição ali, já que ele nada mais é do que prestador de serviço. É importante também saber tirar proveito das condições mais complicadas possíveis, como condição de luz, ver o melhor fundo para fazer a foto e saber usar a lente certa para cada ocasião”. Os conselhos são de Wellington Nemeth para quem quer entrar na fotografia social, mas podem ser aplicados em todas as áreas da fotografia.
                O fato é que o acesso à fotografia ficou muito mais fácil com a era digital e o grande aumento de cursos livres, ou mesmo de nível superior, vem a comprovar que cada vez mais gente está interessada em aprender a se inserir no mercado profissional. Mas desde os primórdios da atividade, os ingredientes para que cada um acerte sua própria fórmula de sucesso continuam os mesmos: dedicação, persistência, conhecimento, talento, sorte, paciência...
ATILA’S PRODUÇÕES FOTOGRÁFICAS